quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

João Bosco Paes de Barros responde a sua sobrinha Regina.

João Bosco Paes de Barros responde a sua sobrinha Regina. Que andamos fazendo, posto que aqui estamos há mais de quatrocentos anos?
João Bosco Paes de Barros responde: Quando em meados dos anos 1700 portugueses e espanhóis se reuniram para revisar as fronteiras na America do Sul, pois Tordesilhas não mais valia, o mais a oeste alcançado por paulistas de bandeira portuguesa, foram as MINAS DE OURO DO MATTO GROSSO, descobertas e exploradas por dois sorocabanos Arthur e Fernão Paes de Barros. Bisavós do avo do seu pai Alfredo. Segue o texto de Paulo Pitaluga, http://www.chapadadosguimaraes.com.br/nomemt.htm sobre o porquê do nome do Estado.

Após sua resposta passarei a lhe enviar outros documentos pessoais da família em meu poder bem como os do que se conhece da SAGA DOS PAULISTAS EM DIREÇÃO A OESTE, A SAGA DOS PAES DE BARROS.
Comentários de Regina: Paulo Pitaluga é um escritor conhecido sobre quem Ori e o papai já haviam me falado muito. É um admirador de nossos antepassados e mostra isso, de forma veemente, em suas obras. Eu já havia, inclusive, comentado com o Luís sobre a marca desses irmãos Paes de Barros na origem do Estado de Mato Grosso.
· Verdadeiramente esses bandeirantes fizeram história, mostraram seu espírito empreendedor, sua coragem, sua inteligência... Ao mesmo tempo, devo ressaltar (fazendo uma análise atual), que Fernando e Artur foram felizes porque conseguiram conhecer essa linda terra, ainda virgem e sem a marca de governos e pessoas irresponsáveis, limitados a uma visão antropocêntrica em pleno século XXI quando o mundo, inquestionavelmente globalizado, mostra-se frágil diante de tantas ameaças. É... fico orgulhosa em saber que eles descobriram aquilo que meu pai conseguiu apreciar e transmitir com tanta sensibilidade: a história da família e a grandiosidade desse lugar.
Também fico orgulhosa em saber que Ori deixou seu registro na história, contribuindo para a perpetuidade do nome da família. E... sabendo de seus valores e qualidades, Tio Bosco, fico pensando... Por que o Sr. também não deixa em Mato Grosso uma amostra para a história dos Paes de Barros, demonstrando a todos que ainda há muitos fatos não escritos que são dignos de serem contados sobre a família? Acho que seria muito bom se o Sr. retornasse à sua terra. Aliás, acredito que ainda há tempo para isso. Sei que existem limitações práticas, mas a vida sempre nos mostra alternativas. Basta estar receptivo e atento a elas. E vou lhe confessar uma coisa: "acho que - ainda que inconscientemente - o Sr. sente vontade de voltar às suas origens e mais... sabe que isso o deixaria um ser mais feliz".
Como diria o meu pai: "a grande riqueza da vida ("o OURO das Minas") é o AMOR e a REALIZAÇÃO".
Fim dos comentários de Regina.

CAP II

As Minas de Ouro do Mato Grosso foram mais produtivas que as de Cuiabá e estavam ainda ativas no fim do Sec XIX, quando Antonio Paes de barros bisneto dos dois irmãos montou a USINA DO ITAICY, AÇUCAR E ALCOOL. Pelo seu porte, uma entre as três maiores do Brasil, à época. Instalada às margens do Rio Cuiabá, no município de SANTO ANTONIO ao qual foi posteriormente agregado “DE LEVERGER” ao nome, em cidade fundada por ele.
Aproveitava toda a mesopotâmia de rios que desembocam no Rio da Prata, tanto para o fornecimento de cana (adicional às suas próprias plantações), como para a distribuição de seus produtos acabados: Álcool, aguardente, licores e açúcar.

Trouxe da Alemanha todo o equipamento para a Usina que, entrando pelo porto de Buenos Aires, subiu até o rio Cuiabá. Com o equipamento vieram 5 famílias alemãs para instalação, manutenção e gerenciamento do empreendimento.
Este investimento Tecnológico alemão no coração da America do Sul tem destaque nos Almanaques dos Investimentos alemães no além mar antes da 1ª. Guerra Mundial, investimentos bastante disputados por outros países.
  • Foi instalada na usina a primeira LUZ ELÉTRICA da Província do Mato Grosso.
  • Em suas plantações próprias a cana colhida era puxada por burros em carroções sobre trilhos.
  • A Usina possuía ARMAZENS para suprir a Fábrica e as famílias. A Usina possuía posto médico e enfermaria.
  • A Usina oferecia ESCOLA de alfabetização para os operários e também ESCOLA de música, pois a Usina possuía ORQUESTRA.
  • Para os filhos dos alemães existia a ESCOLA de alfabetização em Alemão. O seu avô foi alfabetizado em alemão e português.
  • A Usina possuía um sistema de moeda própria cuja unidade era “1 tarefa” com suas subdivisões.
  • A Usina possuía uma frota de embarcações fluviais de fundo chato, dito “chalanas”, para ajudar na distribuição de produtos e coleta de Matéria Prima.
Vide FOTOS DO EMPREENDIMENTO no fim do capítulo III

Antonio Paes de Barros não era um político nem os seus irmãos. Era um capitalista e um empreendedor. No entanto para resolver uma disputa entre os caciques da política cuiabana e de Mato Grosso, foi votado pela Assembléia local e aceitou ser PRESIDENTE DA PROVINCIA DE MATO GROSSO, sendo eleito em 1900. Na República, no RJ estava sendo eleito Rodrigues Alves, primeiro presidente civil da novel república.

Pelos jornais em meu poder (os jornais foram escaneados e enviados a Ori), pode-se ver a publicação dos projetos que o recém eleito Presidente da Província priorizou:
  • Abertura da fronteira norte da província com a navegação do rio Madeira para que os produtos de Mato Grosso (inclusive os seus) pudessem ser exportados por BELÉM no Pará.
  • Negociou com os BÖERS da África do Sul para que se estabelecessem no Mato Grosso (eles queriam sair da África do Sul e da provável dominação Inglesa)
  • Austeridade na administração pública: não empregava parentes nem apadrinhados – atitudes muito antipáticas o que lhe gerou muitos inimigos.
CAP III

Pelos anos 1890 viajou com seu irmão Henrique à São Paulo. Confraternizou-se com os parentes sorocabanos e outros, todos envolvidos na atividade cafeeira.
Com a acumulação de capital que essa atividade proporcionava e sob a liderança do Comendador Souza Barros, haviam incorporado a CIA PAULISTA DE ESTRADAS DE FERRO. O seu irmão Henrique casou-se com IGNEZ VIEIRA DE ALMEIDA, bisneta de Andrew Gaudie, este nascido em Jedburgh, Escócia, casado em 18/04/1712 na cidade do Rio de Janeiro com D ANA LEY, filha do inglês Richard Ley. A família Gaudie Ley, assim formada, radicou-se no Brasil e seus descendentes se ramificaram por Goiás e Mato Grosso. Em São Paulo, pelos idos do sec XIX se envolveram com os construtores da Cia Paulista de Estradas de Ferro.
Os incorporadores da Cia Paulista de Estradas de Ferro foram os barões do Café entre os quais, além de outros:
Antonio Paes de Barros – Barão de Sorocaba – cuja filha Maria Paes de Barros, casada com o Comendador Souza Barros, o incorporador da Cia Paulista.
Rafael Paes de Barros – Barão de Piracicaba
Eduardo...................... – Barão de Limeira
Fernando Paes de Barros – Barão de ITU

ENVIAR-LHE-EI em pdf O livro “NO TEMPO DE D’ANTES” de autoria da Maria Paes de Barros esposa do comendador Souza Barros, sobre os tempos dela e também sobre os Paes de Barros de então (este arquivo foi enviado para ORI há dois anos atrás). Fica para a próxima.
Os Paes de Barros de São Paulo certamente não precisavam do “ouro do Mato Grosso” para seus investimentos, embora esse ouro fosse bem vindo como acionistas. Possuíam um produto muito mais valioso: O café. Vendido a peso de Libras Esterlinas em Londres e custeado ao preço mínimo de mão de obra (a escravidão africana vigorou praticamente até 1888 – lei áurea).
No decorrer do sec. XIX se iniciou a imigração Européia patrocinada pelos fazendeiros do café. Em Piracicaba e Limeira foram patrocinados pelos PAES DE BARROS, os primeiros suíços e austríacos que por aquelas bandas chegaram.

FOTOS DO EMPREENDIMENTO e fim do capítulo III




























(A saga dos Paes de Barros, a continuar no CAP IV...)

sábado, 12 de dezembro de 2009